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Conteúdo:
O MENSAGEIRO
A ÚLTIMA TOCAIA DE
MEIA-VISTA
CAVALO NOTURNO
PISTAS
A FESTA SEM DÓ MAIOR
AMORES DE LATA
VALDECÍLIO
DIRETO AO ASSUNTO
A LADRA
PRIMEIRO CONTO PAULISTA
SEGUNDO CONTO
PAULISTA
A PIXAÇÃO
PREVISÃO DO TEMPO
TESOURADA GLOBAL
TIRADENTES E BIC ESCRITA GROSSA
A CRONNER
SEGUNDA CHANCE
TURISTA
A CASEIRA, A FILHA
DA CASEIRA, A CASA E AS CARTAS
UMA GUERRA DIFERENTE
PERSONAGENS
UM CÃO
Trecho do conto
O MENSAGEIRO
Um homem caminha pela estrada
sombra num passo singular, cadenciado e mudo. Tão sisudo vai que nem os
gravetos secos estalam quando seus pés paquidérmicos as pisam, amassam e
trituram. Vem de longe, numa caminhada mansa começada quando o dia ainda vivia.
Vem sem pressa como quem conhece o caminho, o destino, a sina. Vem numa
comunhão muda com a mata que vai se abrindo para sua passagem. Vem de tão muito
que o molhado da calça, de quando enfiou-se até os joelhos no ribeirão, já
secou, e os carrapichos das picadas, que brincaram de espeta-gruda em sua
roupa, já ficaram no caminho. Vem só, pois aqueles pequenos animais, perdendo o
medo ou o respeito, que o seguiram um tanto de léguas, já acharam que era mais
que hora de voltar para suas casas. Está só, pois nem a sombra rastejante no
chão há mais. Acompanha-o no lombo só o peso do mando, peso do dever, peso
pesado feito praga de mãe. Só. E isto basta.
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